quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Música alta!




Música alta....
Tanto que nem me ouço...
Tão forte que esqueço a fraqueza..
E o ritmo me contagia...
Nem vejo meu descompasso
Nem percebo meu medo de errar o passo
E ele nem existe mais ....
Não lembro de passos
Só faço... só me gingo.
E faço o meu passo.
Então eu posso chamá-lo de qualquer coisa que quiser
Porque é bem meu.
E nem tem ninguém pra ver
Você, meu passo, meu gingo, meu mimo
Você, que diz de mim, do meu jeito
Do meu olhar e das minhas vistas
A você, que quero me entregar
E soltar,
Levar leve...
Saltitar suave
E vislumbrar docemente
Muito ritmo, muita dança, muita esperança e
Muito riso..... no meu passo, meu mimo de vida!
'
Dois amigos queridos fizeram uma resposta a esse poema
Muito obrigada!

ELES e "a gente"


- Então a gente se consola
A gente brinca e pode brincar
A gente se diverte e se encontra
A gente se cria e remonta
A gente pode ser a gente
A gente pode mudar de cara
A gente quer ser diferente
Pode ter a cor que a gente sente!
Mas me responde...e ELES?
ELES só podem aprender com a gente!

-Será?

-Acho que podem sim. Com o tempo, eles aprendem a aprender com a gente.

-Sei não. Eles me parecem bem satisfeitos.

-Ah.. mas são só ELES. Num falo apenas do pronome não, pois, ser ELES, nunca é bom. Acredite!
-É. Talvez você tenha razão, mas ainda acho que eles não estão querendo saber de "a gente". E quem disse que não somos ELES?

-ELES????? Não, não, meu caro. Sabemos que somos só "a gente", a boa gente, a de descendência de Pedro Álvares Cabral. O máximo que podemos trocar aqui são ensinamentos, vindo de nossa parte. Sabe por que? Porque pegar chuva não é bom não! E olha como eles fazem, se lambuzam dela! Nós temos guarda-chuva, vamos mostrá-los como se vive! Enquanto caminham pelas praias, nós temos os carros. Sabemos da vida. Sabemos de viver. Enquanto eles plantam e colhem, compramos enlatados. Eles ainda cuidam do ambiente, cuidam da vida. Nós já sabemos do Aquecimento global, nós crescemos na ciência. Eles acreditam no amor, e olhe para nós. Nós já sobrevivemos a Duas Grande Guerras. Sabemos, meu caro, que o amor não existe mais em nós. Sabemos da nossa pagã realidade. Vivemos a liberdade!
Eles ainda acreditam no casamento. Nós já nos decepcionamos bastante, crescemos, evoluimos, não somos presos a isso. Não precisamos de compromissos. Eles, acima de tudo, ainda têm esperança....e veja no espelho. Veja o que de nós resta! Resta-nos apenas o presente! E vivamos o presente.... quem se importa com o que virá amanhã?

-ELES!!!! ELES se importam!

-ELES. Viu? Agora você entende, meu caro, não são ELES. São os ELES mais diferentes da gente que já conheci. E ainda me privam de chamá-los de loucos! ELES precisam aprender!E aprender com "a gente"!
( e o outro pensa, mas pensa:" ainda acho que quem são ELES é a gente!")

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Ganhei mais alguns selinhos.... do meu amigo Zy!!! Muito obrigada pela homenagem...



Dedico a:

Alberto, de Meu telescópio,
Fernando (Butiá), de Paraíso Perdido,
Ju, de Quintal de cores,
Rafael, de Mia Geodésica,
Lucas(meu amigo lindo), de Lucania.


Agradeço muito, muito aos meus amigos do coração:
Filipe (O mundo de sofisma) e Fernando Lee! Obrigada pelo incentivo a continuar a escrever e pela amizade tão real e verdadeira que temos! Amo vocês!

Ah.. espero que tenham gostado da minha nova cara! :)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Aquele par de brincos


Era noite,
Escolheu os brincos,
Os mais lindos.
E eles reavivaram sua alma.
De olhá-los, o brilho voltou
Para esse par de olhos.
E aquele par de brincos a fez lembrar do amor.
Reacendeu o que amava.
E se lembrou.


Lembrou-se do dia que o sol brilhou
Para aquele par de mãos dadas
Aquele par de amigos
De irmãos,
De unidos, de amor.
Lembrou-se de quando os recebeu
De quando recebeu os brincos,
E da quantidade de carinho
com que foram escolhidos.

Eles ainda brilhavam
Pedras tão reluzentes
que trouxeram de volta
aquela tarde de escolhas,
aquela que fora tão quente.

Foi se arrumar e se lembrou
Agora não quer mais esquecer.
Nunca mais.
Daquele par de brincos e daquele seu par de amor.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Meu mundo azul


Em algum outro lugar
Um lugar irreal
Onde tudo pode ser...
E nada, nada é.
Nada concreto.
Jogo de imagens
Imagens.... pessoas
Que se imaginam
Que se sonham
E se idealizam...

Um lugar onde não há carne e osso
Onde há reflexos
Um lugar aqui
Como eu queira...

As pessoas são
O sonho de mim
Não vivo do que é vivo
E caio alto
Caio profundo
Mergulho ilusão.

A realidade me olha distante
E eu insisto: não!
Prefiro meu mundo que é azul
Onde gente não precisa ter carne nem osso
Onde gente pode ter muito bom gosto
E ser do melhor jeito que se tem de ser.

E continuo a avistar,
ao longe,
A terra...
O chão.

E penso: Quando meu mundo azul tiver fim...
Será que aí então viverei?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pena leve


Agora sou pena!
E que pena!
Leve, porque a usei...
Leve e calma porque sei que, com tinta, sai cor.
Sai sangue,
E escorre.
Escorre alívio e cura
Traz paz e calmaria.

É uma pena...
Não a ter usado antes..
Se dela posso me esvair
E dizer...
E fazer brotar o novo
E (des)cobrir-me....

É a ela que me apego
E que apego! Não a deixo.
Meu novo lugar! Que pode ser real!
Que não precisa ser em vão...
Que me entende,
Meu lugar que me traduz e me decifra.

Meu lugar, minha pena!
Pena, não todos terem essa pena.
Que realmente tem aliviado o meu penar!

Pensando e ensinando


-Fiquei pensando hoje.
E pensei muito mesmo.
Um turbilhão de coisas.
Uma tempestade de pessoas.
Uma imensidão de sentimentos.
É. Daqueles mesmos.
- Quais?
- Dos que não tem fim, dos que não conhecem o raiar do sol, dos que não sabem que a noite termina e, aliás, nunca nem perceberam a existência dessas palavras. Conhecem só outras, outras bem diferentes.
-Sei, sei.
- Você as conhece?
- Quem mesmo?
- Essa profundeza de coisa... essa estranheza de coisa, essa enorme pobreza... que não tem fim.
- Hum..acho que já ouvi falar sim.
- Quem te disse?
(pausa e silêncio)
- Hein? Quem te disse delas?
- Ah.. num sei. Acho que você mesmo. Num foi você, não?
- Unff.... eu???
- É.
-Mas é claro que fui eu. Eu estou falando agora!
- Se sabe pra que pergunta?
- Quero saber se entende o meu desabafar.
- Ahn.... mas isso é um desabafar? Ninguém me avisou.
- Tá vendo como você é. Você não entende de coisas sem fim. Você não entende porque nunca as viu, nunca as sentiu, nunca as presenciou. E sabe? Pra mim elas são tão reais, mas tão reais, que as alcanço, que as concretizo, que as vejo.
- Vê?? Mas não eram sentimentos agora a pouco?
- Você não percebe mesmo. (com ar de tristeza)
- É? Você acha que não percebo?
- Acho que não.
- Queria perceber...(triste) queria saber. Me ensina?
- Só estou falando do que sinto. E pra isso não tem regra não. Abra a boca e tente com seu mais aguçado sentido descrever o que tem ai dentro. E se ninguém entender.... no fim você tirará sua conclusão.
- Então se eu falar eu vou conseguir entender de sentimento e de coração?
- Não disse isso.
- Não?
- Não. No fim de tudo, terás vivido o que sentes com a mais pura sinceridade, com a mais apurada vontade de enxergar melhor, de ter vida e de trazê-la para o mais perto de ti, para dentro. Não se preocupe em como exalar tuas palavras... pois se assim fizeres, sairá sim a mais bela canção. E os poetas não são aqueles que entendem de coração e de sentimento. Poetas são aqueles que assumem não entender-se, são os sinceros, são os amantes, são os que buscam a vida e a traz para as palavras. Eles vivem no quadrado de si, mas dedilham doces sons que se vão com o vento e transmitem, expressam seus quadrados mais intensos em dias mais bonitos ou mais tristes. Esses são os poetas.

Meus sentidos


Ouço,

Farejo,

Vejo,

Percebo, então,

O quanto, o tanto...

Estou vazia

E não agradeço...

O quanto sou falha

E só falo...

O quanto não faço

Não mereço...


Fujo de me despir

Fujo de mim

Não quero ver

E me ater

A me perceber

Que o falar seja de outro

Que o exalar venha de outros

Que a exposição seja do outro.


E me rendo a minha própria armadilha

Não resisto

Não faço, mais uma vez

Não grito, de novo

Não falo,

Não quero,

Não exalo,

Não mudo.


Não sou...

Mais uma vez.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Porta fechada




E o interruptor estragou! Escuro e frio. Ele fica ali no canto, de pernas juntas e dobradas. Ele as abraça. Porque é o que tem pra abraçar. São elas o seu consolo. E se joga nelas. E as ama, porque só as tem pra amar.


Não há janela e, na verdade, se há, não dá pra achá-la. Tá tudo triste.


A porta está fechada há anos. E por dentro. Para ele ficar ali.. no canto.. em paz... com suas pernas.


Não dá pra olhar para o lado, não vê nada em cima, mas se acostumou com isso. De vez em quando, inventa de querer, de sonhar de sair, de voar, de ver por uma janela. Mas está cego. E triste. E parado. Só anda em pensamento.


Não vive o que devia. Se tranca. Não faz como queria, só sonha. Só imagina.


E o pesadelo é o que lhe resta de concreto, mas não tem mais medo, porque no escuro só tem ele e suas pernas. Ninguém vai aparecer....nem fantasma... porque ele trancou por dentro.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Aninha e Alfredo



Aninha vivia desde adolescente algo que já era acostumada. Era natural: o ódio. E isso funciona assim: quando se odeia alguém, a ira pode ficar contida, o sorriso é capaz de aparecer, o cumprimento, talvez até um abraço. Respira e conta até 1000 se preciso. Se isso não acontecer, pode se perder outros amigos, outros colegas. A sociedade e os outros não aplaudirão uma demonstração de descontentamento. Mas, na verdade, Aninha vivia outra realidade. Ela não tinha problemas com ninguém. E sabe? O ódio dela era por ela mesma! Então, quem a impediria? Ela se odiava e demonstrava isso sempre que podia em forma de auto-boicote. Ela se boicotava, se odiava e se perdia cada vez mais. Afundava-se nos seus próprios conflitos e desleixos. Quem era ela pra ver o sol amarelo ainda? O sol tinha que ficar cinza e as tardes tristes de chuva tinham que entoar o cântico do seu coração. Nada poderia ser bom e feliz. Qualquer um sabia da felicidade, menos Aninha.

Alfredo sabia, e sabia muitas coisas. Sabia que o sol poderia ser da cor que ele quisesse, ele conhecia o céu, ele gostava da calmaria das tardes de chuva. Sabia como aproveitá-las. Para ele a vida era demais, a vida tinha vida, cor e canção. Muita canção. E melodia gostosa. Amigos eram irmãos muito queridos. Que soletravam juntos o significado esperançoso do futuro. Que sonhavam juntos em viajar pelo mundo. Que sofriam, tinham conflitos mas os superavam com uma disposição gingante de cuidar da pérola da vida, do motivo da existência. Ele sabia.... sabia sobre o amor! Ele se amava e amava a vida! O amor deixava seus dias melhores, o amor o transformava em dançarino. Dançarino bem ritmado!
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Um encontro de dois mundos aconteceu.
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Despedida e desencontro se sucedeu.
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Despediu-se do cinza: agora, para Aninha, o sol pode ser colorido e gosta de imaginar as cores que ele pode ter. Há sim motivos para se rir da vida.
E desencontrou-se da sabedoria: Alfredo desaprendeu a aproveitar as tardes de chuva. Não gosta mais delas.
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Encontraram-se na vida e mudaram de rumo, mudaram de alma.
Traduziram, então, o que significava relacionar. E entenderam o caminhar de mãos dadas. O caminhar de dois mundos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Queria saber...



Imaginei um dia como seria se um caroço de feijão resolvesse ser verde, não de estragado, mas de colorido. Será que a feijoada teria outro sabor? Queria saber qual o gosto...
E se um pingo de chuva resolvesse não cair nunca mais... os outros se renderiam a tentação de fazer molhar? Queria saber quantos sacrificariam sua missão...
Como seria se não acordásssemos com os passarinhos e se a música fosse apenas uma imaginação e não mais que isso? Queria saber se sobreviveríamos....
Se um por cento de mim fosse um por cento de outro, onde será que eu estaria? Queria mesmo saber....
Como seria a vida se o vento não existisse, se as cores não existissem, se a luz não iluminasse?

Queria saber, se um dedo da vida não fosse como é, para que lado o mundo então giraria.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Culpa e redenção


A última coisa que quero é que o meu pecado tenha castigo
E que o que plantei tenha que ser por mim mesma colhido
A última coisa que quero é ver o meu final
É ter o que eu mereço
E levar o que foi pra mim prometido.

Não quero viver pra ver como será
O dia em que eu pagarei
Por tudo que um dia fiz
E por tudo que deixei de fazer....

Cabisbaixa
Não prossigo.
Não há força....

[Silêncio]

De repente percebo...
Uma luz no alto
Que ilumina
Além do que digo ser!

E reflito muda....
Mudo tudo...

O erro existiu
E existe
O iluminar me trouxe luz
E agora há consciência: não há aqui perfeição!
Agarro-me a certezas que me são forças
A certeza de prosseguir..tentando
De prosseguir com esperança
Prossigo agora, então.


Posso perceber...Meu redentor age!
Tenho bastante espaço pra Ele agir...
Não preciso fingir
Ele sabe que não há aqui perfeição!
E é por isso que há para Ele um lugar, uma função....
E muito trabalho!