As palavras me são problema quando pronunciadas. Saem como que sem rumo e tantas vezes tomam um caminho incerto, indevido. Não podem ser apagadas, já se foram e nunca mais retornarão. Retomam sua vida própria, retomam sua altivez e são interpretadas por aí de alguma maneira, nem sempre atingindo o objetivo inicial: o meu objetivo. Mas quem é o dono delas afinal? São tão loucas essas palavras, são tão próprias que, ao pronunciadas, se tornam auto-suficientes e fazem o seu próprio percurso. Espanto-me com elas. Amedronta-me tamanha vivacidade.
Sentimentos meus tão íntimos são tentados a se exporem, mas essas maldosas palavras que estremecem qualquer ser pensante, os sufoca. Sentimentos esses que continuam ali, vivos, se enrijecendo, se petrificando. Petrificam-se por não se exporem, por não se posicionarem de uma vez por todas, por não refazerem-se através da oralidade. Antes, fazem mal a si próprios numa ilusão insana de engrandecer o poder dessas palavras, de exaltá-las na sua crueldade. Quanta auto-piedade!
Cruéis palavras que são tão minhas quanto esses auto-piedosos que parecem inexprimíveis sentimentos.
Luta interna. Silêncio.
9 comentários:
eu to meio sem inspiração pra postar uma mensagem agora... mas deixo minha marca pra dizer q fui um dos primeiros a postar hehehe
orgulho besta esse meu, né?!
É essa mania de ficar falando ao invés de ficar em silêncio... bjus amiga
Muito bom!
gostei das palavras ditas...
silêncio.
Silêncio...
Oi Bárbara. Que gracinha você entendendo o meu texto! O título é aquilo mesmo, rs! Dessa vez você merece nota dez... ahhauhauah!
Então, fiquei de comentar seu texto ontem, mas nem deu. Hoje eu reli mais duas vezes e descobri uma certa afinidade com o "Porão de entulhos" lembra? Aquela coisa da gente querer abafar algumas lembranças/palavras ou usá-las e nos descobrirmos insuficientes por não termos esse controle.
Agonizante o seu texto, como se a gente que lê ficasse esperando o seu grito sair da garganta com todo furor de palavras. E gosto de textos que me deixam sentir as emoções do autor!
Não vou falar que gostei porque isso você já sabe. Sua maturidade com a escrita tem me surpreendido a cada novo texto.
Beijos.
Barbara, valeu mesmo.
Até amanha entao.
Beijao
Olá Bá!
Vim agradecer a visita e os delicados comentários lá no blog e encontro esta doce surpresa.. a tua página é uma beleza de se ver, Bárbara. Estou super encantada.
Voltarei para explorar mais com certeza, aliás seria um prazer tê-la linkada por lá, eu poderia?
Muitíssimo obrigada pela adesão à campanha, pessoas como você são peças fundamentais para modificar estes quadros de nosso país.
Um beijo querida,
Bárbara M.P.
Olá, Babi,
Esta semana foi um pouco tumultuada, por isso a ausência na blogesfera... =[
Mas retornei aqui para comentar as belas palavras do seu texto. Realmente, o que se diz marca, o que se escreve marca -- nós somos marca no mundo, não é verdade?
A profissão me instruiu, de certa forma, a selecionar bem as palavras que eu uso. Cada qual tem seu peso, sua medida, seu impacto e sua intensidade.
Beijo grande!
Ola Barbara, recordando que amanha 18 de Abril tem a Blogagem Coletiva “O que voce faz para acabar com o analfabetismo no Brasil?”
Gostei muito do post. Eu sinto que tem horas em que a melhor reposta que a gente pode dar, em certas ocasiões, é simplesmente o silêncio...
Mas muito bom o post, parabens..^^
Postar um comentário