sexta-feira, 18 de abril de 2008

Campanha contra o analfabetismo!



Mais que não decifrar códigos de escrita, ser analfabeta é viver à margem da sociedade. À margem de uma rotina de vida centrada na escrita. E nós, alfabetizados, nem percebemos, nem conseguimos imaginar mais como é viver fora da esrita, já que estamos tão acostumados a este estilo de vida.


Este post é em defesa de uma educação democrática de qualidade para que o saber seja direito de todos, que a cidadania seja plenamente exercida, que os olhares se voltem para os marginalizados, que os marginalizados tenham acesso à consciência de si, de seu papel social e que a luta nos leve a algum lugar. A um melhor que este!
O que fazer contra o analfabetismo?
1) Formação do educador - Acredito que cabe aqui citar Paulo Freire que nos deixou uma herança riquíssima e reconhecida internacionalmente. Os educadores devem investir na sua formação, o governo deve investir nessa formação! Paulo Freire (principalmente na Educação de Adultos) tem um papel importantíssimo! Que seja incentivado a leitura de seus textos, que seja real essa formação crítica e prática, rica teoricamente e capaz de relacionar com a rotina do trabalho.
2) O valor do Educador - O profissional da educação carrega consigo uma responsabilidade social muito grande e a sociedade civil tem o DEVER de reconhcer isso. É papel das autoridades e dos cidadãos valorizar o educador. Que seja reconhecido seu valor no aumento dos salários, no tratamento como um ser merecedor não só de respeito mas de admiração. Que seja reconhecido o valor do seu trabalho!
3) Que o educador tenha consciência de seu papel social, do que implica sua ação. E que sua ação não seja uma prática pela prática, mas que se baseie em uma reflexão e entendimento crítico, um entendimento que gere uma nova prática.
4) Que o governo invista na Educação Básica.
Que a luta contra o analfabetisnmo seja percebida na sua completude. Na sua completude já que não se restringe a aprender a ler e a escrever, pois não pode-se desconsiderar o processo de tomada de consciência! A luta não pode estar vencida se todos tiverem acesso à 1ª série do ensino fundamental. Se isso acontecer, será um avanço, mas não o fim da luta! Pois a luta é por essa consciência, é por uma Educação completa, uma Educação democrática de qualidade!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Silêncio...


As palavras me são problema quando pronunciadas. Saem como que sem rumo e tantas vezes tomam um caminho incerto, indevido. Não podem ser apagadas, já se foram e nunca mais retornarão. Retomam sua vida própria, retomam sua altivez e são interpretadas por aí de alguma maneira, nem sempre atingindo o objetivo inicial: o meu objetivo. Mas quem é o dono delas afinal? São tão loucas essas palavras, são tão próprias que, ao pronunciadas, se tornam auto-suficientes e fazem o seu próprio percurso. Espanto-me com elas. Amedronta-me tamanha vivacidade.

Sentimentos meus tão íntimos são tentados a se exporem, mas essas maldosas palavras que estremecem qualquer ser pensante, os sufoca. Sentimentos esses que continuam ali, vivos, se enrijecendo, se petrificando. Petrificam-se por não se exporem, por não se posicionarem de uma vez por todas, por não refazerem-se através da oralidade. Antes, fazem mal a si próprios numa ilusão insana de engrandecer o poder dessas palavras, de exaltá-las na sua crueldade. Quanta auto-piedade!

Cruéis palavras que são tão minhas quanto esses auto-piedosos que parecem inexprimíveis sentimentos.

Luta interna. Silêncio.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Reencontro

Acho que aqui é o melhor lugar. Acho que aqui é onde a gente pode chegar pertinho e olhar nos olhos um do outro novamente. E veja. Olhe bem. Há tanta tristeza no meu canto do quarto, no meu olhar baixo, que não posso conter essa enxurrada de lágrimas salgadas que chega até meus lábios, amargando a alma. A luz no meu canto está fraca. Bem fraquinha. Mas não existe aquele tom romântico rústico, existe a velha tristeza fria que cala, que arranca as palavras. Agora você vê?
Admito que fracassei. Fracassei ao tentar decifrar esse meu sentimento a você. E não poderia persistir na tentativa, não poderia. Você veio quando soou minhas badaladas, quando a areia branquinha daquela minha ampulheta deslizou-se por completo e anunciou o momento. O momento da minha desistência, o momento que dei conta do meu cansaço. E você percebeu essa areia, ouviu as badaladas. Você atendeu... você está aqui!
Aqui, ao olhar-te, tenho de volta o meu abrigo, esse teu sorriso de menino que é só meu. Já te disse isso muito, mas assim como não canso de repetir, você nunca se cansa de ouvir, o quanto teu sorriso me chama atenção quando nos reencontramos. O quanto teu sorriso me lembra toda a história, as boas lembranças, me lembra você por completo. Lembra desses nossos encontros aqui e me faz retornar a minha casa, a minha essência.
E agora.... ah.. agora posso transbordar a luz que faltava ali no canto só de fitar teus olhos e sentir que fitas o meu olhar tão verdadeiramente, tão profundo. Essa troca de olhares parece, por um instante, ser suficiente já que há o encontro de nossas almas. Parece então, traduzir tudo nosso, porque sabemos nos comunicar com os olhos e nos entendemos tão bem. Mas sabe? Pra mim o nosso encontro não terminou aqui. Não terminou nesse olhar. Ainda quero saber o que há além do teu sorriso, quero enxergar e tocar no teu sentimento, pois não posso continuar tão longe do que é você. Quero me aproximar. Quero me recostar. Quero poder te encontrar sempre por aqui. Quero só poder ver o que é que há agora em você. Desejo saber do teu canto do quarto. Quanta luz há ai? Ainda dá pra ver da janela? E contemplar esse céu chuvoso nosso? Vamos? Abre sua porta e me deixa ver, me deixa tocar, me deixa decifrar.....