terça-feira, 11 de março de 2008

Caminhada


Não há pegada alguma no chão
Não mais.
Não porque não tenha andado por ali
Andou e andou muito.

Olha pra trás e vê muitos vestígios
Passos firmes que um dia foram seus,
Passos de marcha,
Sim, ele já marchou um dia.

Agora não há passos,
As pegadas sumiram
Não há pés no chão
Não há chão
Há areia, e ela se mostra,
É movediça
Os passos agora afundam
Não mais pegadas.

Anda mais forte
Na tentativa de sair do instável,
Do chão que se fez seu,
E o desespero é latente.
O coração palpita.

.... Respira fundo e tenta se acalmar...

Observa, analisa
O chão
Percebe que fez o chão
Fez ser, assim, areia
Areia que se move.

Lembrou da marcha
Lembrou do ontem firme
Do chão seguro
Lembrou profundamente triste... não há mais chão!

Mas viu no espelho
Seus pés, suas sandálias
Os companheiros de marcha
Não o haviam deixado.

E ela também veio a sua mente
Ela que persistia em percorrer todo esse caminho ao seu lado
Ela que marchara com ele
Ela que o enchera de coragem

Ele a havia abandonado
E afundara.
Ela ainda batia na porta do peito,
Calmamente:
- Existe um lugar pra mim?
Ele ao cair em si, agora a vê tão perto, tão linda:
- Entre. Sempre existiu esse quarto aqui para você!

Não há chão ainda,
Mas não se afoga mais
A Esperança agora está no quarto
Ocupa todo o peito.
Reacendeu ali o amor,
Amor pela vida,
Amor pelas suas pegadas
Ele quer intensamente andar, quer viver!

9 comentários:

Renato Ziggy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ziggy disse...

"Ela ainda batia na porta do peito,
Calmamente:
- Existe um lugar pra mim?"

Isso foi lindo demais! E cada verso, cada palavra, cada figura de linguagem. Sempre vale a pena ter esperança, porque é ela que nos motiva, que nos ergue, que nos ensina a esperar.

Poxa, foi a poesia mais linda sua que li até hoje. E engraçado que dias atrás tinha dito a mesma coisa. É sinal que os textos têm evoluído (e tocado, e transcendido) cada vez mais.

"Os sonhos de Deus jamais vão morrer."

Fica na paz, Babi! Te adoro demás!
Bjos do teu amigão do peito,
Ziggy

Anônimo disse...

A parte de que mais gostei também foi essa que o Ziggy destacou: "Ela ainda batia na porta do peito, calmamente: - existe um lugar pra mim?".
Inspira-me vir aqui e ler o que você escreve, sabe? Você tem a alma bonita...

Beijos.

Alberto Vieira disse...

oi bárbara!

"Essa parte me chamou muita atenção:
" Ela ainda batia na porta do peito,
Calmamente:
- Existe um lugar pra mim? "

Me lembrei dos textos do antingo testamento quando as pessoas se vestiam de pano de saco e colocavam cinzas sobre a cabeça e batiam no peito clamando por misericórdia.


Hj há esperança , e com E maiusculo

abraços

:: Daniel :: disse...

Faço coro aos amigos: "Existe um lugar pra mim" é fabuloso!

Eu acho que, se cavar mais, você ainda encontra outras pegadas. Trilhas desbravadas, migalhas de João e Maria, caminhos novos, fim do arco-íris... O que seu coração de menina Alice (que bate na porta do peito pedindo um lugar ali dentro) em seu mundo de maravilhas.

Desculpe a digressão, mas adoro quando posts como o seu me permitem viajar.

Lindos versos!

Bjo grande,
Daniel

Renato Ziggy disse...

Babi, ficou linda a foto do layout. AMEI! De extremo bom gosto, viu?
Bjos do seu amigão muito agradecido por sua belas palavras em meu blog.
Inté! =]

Filipe Garcia disse...

óó! Vc andou mudando coisas no seu blog e eu gostei, rs.

"Ele ao cair em si, agora a vê tão perto, tão linda:
- Entre. Sempre existiu esse quarto aqui para você!"

Essa foi a parte que mais gostei: a sensação de que não houve abandono nem desapego, talvez um descaso passageiro. Linda a forma como você desenvolveu o enredo e como ligou a instabilidade á areia.

Foi um dos seus textos que mais gostei, que mais me emocionou.

Beijos

O Profeta disse...

O Sol abandonou o céu
A Lua ironiza no celeste
Soltas perversas vontades
Cruzam a tua vida agreste


Convido-te a partilhar a minha visão da forma em
como a vida às vezes é perversa para algumas mulheres…

Bom domingo

Doce beijo

Fernando Locke disse...

Garota, gostei muito! você soube conduzir a narrativa, trouxe sentimento, soube lidar com as lermbranças, um trabalho muito bom! abraço!