
Andei pelo lado errado da rua. E machuquei-me no buraco que por ali havia. Sofri e surpreendi-me com tamanha disposição. É... acho que era disposição o que havia me mim. Sofri por instantes. O mundo não desabou, meus tetos não ruíram e não havia lentas músicas sórdidas, com um tom de psicodelia, rock depressivo ou desespero. Minha face não se desmanchou em cores nebulosas. Minhas vistas não ficaram escuras e meu peito não doeu latente. Não contorci-me em lágrimas, não desaguei-me, não desejei a morte. Não arranquei minhas flores, apenas limpei meu vestido. Não atirei-lhe meus sapatos e nem cuspi-lhe palavras. Não praguejei todos os dias que vivi acreditando que chegaria a felicidade. Praguejei, sim. Praguejei aquele buraco e atribui apenas a ele a culpa da minha dor. Não, minha identidade não era culpada por isso. Não, nem a minha fraqueza, ou minha visão, ou meus devaneios acordada que me tiram do chão e me distraem da realidade. Não, não fiz isso. Não me culpei. Apenas dispus-me. Dispus-me a sofrer o que ali me trazia, ali, e não meu passado ou meu incerto futuro. E percebi que dispus-me à felicidade, dispus-me a tê-la. Entendo. Estou disposta a sofrer, afinal, estou tão disposta à felicidade.... que disponho-me por inteiro a viver!