quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Porta fechada*



E o interruptor estragou! Escuro e frio. Ele fica ali no canto, de pernas juntas e dobradas. Ele as abraça. Porque é o que tem pra abraçar. São elas o seu consolo. E se joga nelas. E as ama, porque só as tem pra amar.
Não há janela e, na verdade, se há, não dá pra achá-la. Tá tudo triste.
A porta está fechada há anos. E por dentro. Para ele ficar ali.. no canto.. em paz... com suas pernas.
Não dá pra olhar para o lado, não vê nada em cima, mas se acostumou com isso. De vez em quando, inventa de querer, de sonhar de sair, de voar, de ver por uma janela. Mas está cego. E triste. E parado. Só anda em pensamento.
Não vive o que devia. Se tranca. Não faz como queria, só sonha. Só imagina.
E o pesadelo é o que lhe resta de concreto, mas não tem mais medo, porque no escuro só tem ele e suas pernas. Ninguém vai aparecer....nem fantasma... porque ele trancou por dentro.
*REPOSTAGEM.... lembrei desse texto e resolvi postá-lo de novo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Até parece...


Vi um poeta, dos mais requintados, perder a fala ao se deparar com aquela a quem dedicava seus idolatrados poemas. E ele não é qualquer poeta. É dos melhores que se tem por aqui. Muitos o ouviam, o liam e sempre diziam das delícias de suas palavras. Falava poeticamente de tudo. Também, quem há muito não desconfiava da sua inspiração? Até parece que ninguém tinha notado que toda aquela prosa tinha dona. Que toda aquela melodia tinha uma dedicatória tão sonora... E como era belo aquele amor em prosa.... em poesia, em música!
Mas ainda me surpreendi! Como se fosse possível a alguém não agir assim.
Até parece que há quem não atropele as palavras quando a ansiedade e o suador tomam conta. Até parece que se tem idade pra essas coisas.
Até parece que esse poeta saberia o que dizer.
Até parece que alguém escapa do amor...
Até parece...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Vermelho batom


O mundo hoje mudou de cor. Ficou bem mais vermelho. E toda aquela calmaria da natureza, de imagens lentas ao som de música clássica, canção de passarinhos e força musical das cachoeiras com aquela vista verdinha, blá,blá,blá: Sumiu!
Não é esse momento o de agora. Não são essas cores, e nem mesmo esses sons. As pessoas não têm agora aquele sorriso bonito da TV nas propagandas da Doriana: não! Elas estão todas irritantes: desde as mães que falam demais aos pais que falam de menos. Das amigas muito engraçadinhas aos namorados que só assistem futebol, ... Qualquer atitude hoje, de qualquer um é irritante o suficiente.
E as teclas sofrem a agressividade de um cuspir com tamanha força e agressividade que se ouve da sala os barulhos do TEC-TEC do teclado. As unhas que ontem estavam bonitas, pintadas e crescendo. Hoje são roídas e "despintadas".
Então esse é o cenário: mundo vermelho! O fundo musical poderia até ser o rock do mais pesado com uma guitarra berrando e falando, se não houvesse na dona dos dedos que martelam o teclado uma dor de cabeça infernal. Bem, talvez o vermelho e a cara feia já sejam o suficientes pra ilustrar o que é o hoje nessa vida de quem usa batom.
Só posso me perguntar por que é que os hormônios fazem isso com elas.
E AI DO HOMEM QUE OUSAR RESPONDER!