sexta-feira, 18 de julho de 2008

Momento de falta


Ultimamente as palavras têm me faltado em variados momentos. Inclusive nos que a maioria teria muito a dizer, acredite: nesses também! Acho que esse meu diagnóstico pode ser devido à férias!(Será?) Bem, já ouvi casos em que causasse isso em alguns. Acho que a sobra de tempo, o lazer em excesso... bem, num sei. Talvez não. Talvez seja só um momento em que minha língua e o que vem antes dela na produção da fala, de greve estejam. Na verdade, meu estado não é tão caótico assim, não me emudeci por completo, se não nem aqui estaria. Ora, o que é esse momento senão uma expressão de palavras?

Aliás, vê se não é engraçado essa vida de fingir de escrever? Falo aqui sobre o que me dificulta nesses últimos tempos e, posso assim, justificar minha escassa produção. Porém, minha intenção neste texto vai além dessa justificativa. Quero também refletir sobre o silêncio, ainda que faça isso tagalerando...


Há quem diga que ele incomode, há quem o interprete como vazio. Há quem fuja deste momento. Há quem fique ansioso com sua presença. E sabe? Na maioria das vezes assim o sou. Porém, quando as palavras me somem, não tenho escapatória: tenho de encarar o silêncio! Tenho de enfrentá-lo e descobrir, então, o que há mim. Pois, quando nos silenciamos, podemos ouvir-nos por dentro. E abrir nossos sentidos, ouvindo o que é que haja para ouvir que a turbulência outrora nos ensurdecia. Podemos aprender na quietude. Conosco mesmos. Com ele. E ai é que percebemos o valor desse momento de estarmos sós com o silencio. Percebemos que o vazio pode ser recheado de significado.
De repente o meu momento de falta é valioso.
Talvez não precise mais chamar de “diagnóstico”, que remete a doença.
E porque posso encontrar ali meu Salvador.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dias agora


São variados dias que remontam essa hora
São variadas horas que remontam meu minuto
São misturados sentimentos que me remontam por inteiro

E posso sentí-los mesclados
Posso vivê-los todos.
Agora.
Somente agora.

sábado, 14 de junho de 2008

Poesia nossa



Às vezes fechamos os olhos e enxergamos além.
Às vezes cruzamos os braços e sentimos além.
Às vezes cruzamos as pernas e andamos muito.
Às vezes andamos, corremos e voamos mesmo sem asas, sem pernas e sem estrada.
Às vezes nos deslocamos desse chão e trilhamos caminhos mais altos.
Conseguimos sonhar de olhos abertos.



Mas há momentos e momentos....


Às vezes a poesia parece desabitar-nos.
Sofremos. Padecemos. E nos sentimos sós.
Mas descobri.
Descobri a poesia desses momentos.
Surpreendi-me com sua presença no real vivido. Ela ainda me habita.
E na luta, no cotidiano, na sinceridade desfruto uma poesia plena, que ainda me é parceira. Degusto o sabor da poesia de viver.
Podemos todos tocar, sentir, pegar, pisar, chorar. Viver!
Onde é que há poesia mais bela?
Onde poderia estar poesia mais sincera?
Poesia esta que nos convive, que nos habita, e que nos constrói. Poesia do ser.