segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Eu mesmo, mesmo eu?


Cansei de alguma coisa que se repetiu
Não sei dizer, mamãe, se é esse cheiro
Não sei dizer se são os gestos
Sei que cansei, mamãe.
Cansei da meiguice a mim cuspida
Cansei da monotonia
Cansei dos mesmos problemas
Cansei, mamãe, da mesmice das lágrimas
Cansei até de cansar
Cansei de esperar,
De querer.

Ah.. cansei.
Não sei, mamãe, o que isso significa
Mal sei contar meus dedinhos do pé
Mas sei sim, mamãe,
não sou qualquer filhinho
Não sou o mesmo do último...
olha pra mim mamãe, sou único.
pára de me tratar, de novo,
como o mesmo:
Eu não gosto mais de rosa!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sobre amizades

Dor que dói em mim,
Afinal é tão minha assim?
Não, não...
essa dor é de outrem.
O que te abate então, coração?
O gostar de doídos,
Doloridos doidos
Que agora choram.
- É que sofri...
tão junto contigo,
- E agora... (respiro)
o meu sangra também.
- E agora? (prefiro)
Agora consigo ver-te nos olhos
E amar-te ainda.
Sim, eu também choro.
Tento entender seus motivos:
"Distanciei-me por não saber amar."
Vácuo nosso...
- Alguém sabe amar?
Vc não merece amor?
Porque se condena a tanto?
Quis perguntar-te se merecia o meu.
" O amor não existe"
- Amor não se agradece.
Não tive o que responder hoje, lembra?
Não pude agradecer e nem retribuir.
Silenciei-me sincera,
Abri-me: já te amo.
Não há fuga,
não há resposta
Não me agradeça
Não é pela retribuição.
"A vida faz essas coisas."

Posso pedir para começar a amar-se?
- Posso te pedir uma coisa?
Procure o que é que haja em você que te faça especial.

É que a felicidade dá medo, mas está muito ao nosso alcance.
E ela - essa felicidade bonita- é a que mais te deseja.
Entregue-se a ela, menina!
E se ame de verdade.
- Seu riso pode vir de dentro, acredite!

E o amor? Ah.. ele existe aqui sim.
- Pode nomeá-lo diferente, se você o tiver em si.
Mas permita-se amar ...
Queria te dizer para usar apenas a tecnologia.

sábado, 15 de novembro de 2008

Sobre disposição


Andei pelo lado errado da rua. E machuquei-me no buraco que por ali havia. Sofri e surpreendi-me com tamanha disposição. É... acho que era disposição o que havia me mim. Sofri por instantes. O mundo não desabou, meus tetos não ruíram e não havia lentas músicas sórdidas, com um tom de psicodelia, rock depressivo ou desespero. Minha face não se desmanchou em cores nebulosas. Minhas vistas não ficaram escuras e meu peito não doeu latente. Não contorci-me em lágrimas, não desaguei-me, não desejei a morte. Não arranquei minhas flores, apenas limpei meu vestido. Não atirei-lhe meus sapatos e nem cuspi-lhe palavras. Não praguejei todos os dias que vivi acreditando que chegaria a felicidade. Praguejei, sim. Praguejei aquele buraco e atribui apenas a ele a culpa da minha dor. Não, minha identidade não era culpada por isso. Não, nem a minha fraqueza, ou minha visão, ou meus devaneios acordada que me tiram do chão e me distraem da realidade. Não, não fiz isso. Não me culpei. Apenas dispus-me. Dispus-me a sofrer o que ali me trazia, ali, e não meu passado ou meu incerto futuro. E percebi que dispus-me à felicidade, dispus-me a tê-la. Entendo. Estou disposta a sofrer, afinal, estou tão disposta à felicidade.... que disponho-me por inteiro a viver!