quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Nosso espelho

Bombardeios, desses que aparecem na TV?
Acontecem entre nós.
Bombardeamos conhecidos, próximos,
roubamo-lhes tesouros
e deixamos cicatrizes, feridas.
Marcas eternas em suas vidas.

O preconceito que nos é tão repudioso?
Está aqui. Nessas simbólicas atitudes.
Nas concretas vivências.

Esta desigualdade tão odiosa,
É a nossa realidade.
É o caminho que tomamos.

O desprezo pelo interesse do povo,
começa no desprezo pelo interesse do outro.
A corrupção fortemente denunciada,
agride além de trabalhadores.

Olhai e vede:
Há guernica em nós!
O amor NOS falta!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Amor-próprio




O amor inculca,
E chega que incomoda.
Alguém pergunta:
Tem forma?
Será que me in(forma)?
Onde é que está?

E eu atrás de algo,
Algo que se assemelhe a este desejado,
Mas vou nos lugares mais inusitados.
E, confusa no meu caminho,
Olho no espelho e sei:
Não estou sozinha!

Continuo à procura,
Ainda quero encontrá-lo.
Descubro que o amor por mim mesma,
Está sim em um lugar inusitado
E, agora, mais inusitado,
que de tão perto
Jamais fora esperado.

Páro, olho pra mim e descubro
que aqui, bem dentro existe,
muito além de entulhos,
marcas desse amor
escondido.

E regando a terra em prantos,
carrego agora comigo
o meu mais que tesouro,
um novo amigo:
Esse amor,
que antes estava perdido.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Porta fechada*



E o interruptor estragou! Escuro e frio. Ele fica ali no canto, de pernas juntas e dobradas. Ele as abraça. Porque é o que tem pra abraçar. São elas o seu consolo. E se joga nelas. E as ama, porque só as tem pra amar.
Não há janela e, na verdade, se há, não dá pra achá-la. Tá tudo triste.
A porta está fechada há anos. E por dentro. Para ele ficar ali.. no canto.. em paz... com suas pernas.
Não dá pra olhar para o lado, não vê nada em cima, mas se acostumou com isso. De vez em quando, inventa de querer, de sonhar de sair, de voar, de ver por uma janela. Mas está cego. E triste. E parado. Só anda em pensamento.
Não vive o que devia. Se tranca. Não faz como queria, só sonha. Só imagina.
E o pesadelo é o que lhe resta de concreto, mas não tem mais medo, porque no escuro só tem ele e suas pernas. Ninguém vai aparecer....nem fantasma... porque ele trancou por dentro.
*REPOSTAGEM.... lembrei desse texto e resolvi postá-lo de novo.