quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Amor-próprio




O amor inculca,
E chega que incomoda.
Alguém pergunta:
Tem forma?
Será que me in(forma)?
Onde é que está?

E eu atrás de algo,
Algo que se assemelhe a este desejado,
Mas vou nos lugares mais inusitados.
E, confusa no meu caminho,
Olho no espelho e sei:
Não estou sozinha!

Continuo à procura,
Ainda quero encontrá-lo.
Descubro que o amor por mim mesma,
Está sim em um lugar inusitado
E, agora, mais inusitado,
que de tão perto
Jamais fora esperado.

Páro, olho pra mim e descubro
que aqui, bem dentro existe,
muito além de entulhos,
marcas desse amor
escondido.

E regando a terra em prantos,
carrego agora comigo
o meu mais que tesouro,
um novo amigo:
Esse amor,
que antes estava perdido.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Porta fechada*



E o interruptor estragou! Escuro e frio. Ele fica ali no canto, de pernas juntas e dobradas. Ele as abraça. Porque é o que tem pra abraçar. São elas o seu consolo. E se joga nelas. E as ama, porque só as tem pra amar.
Não há janela e, na verdade, se há, não dá pra achá-la. Tá tudo triste.
A porta está fechada há anos. E por dentro. Para ele ficar ali.. no canto.. em paz... com suas pernas.
Não dá pra olhar para o lado, não vê nada em cima, mas se acostumou com isso. De vez em quando, inventa de querer, de sonhar de sair, de voar, de ver por uma janela. Mas está cego. E triste. E parado. Só anda em pensamento.
Não vive o que devia. Se tranca. Não faz como queria, só sonha. Só imagina.
E o pesadelo é o que lhe resta de concreto, mas não tem mais medo, porque no escuro só tem ele e suas pernas. Ninguém vai aparecer....nem fantasma... porque ele trancou por dentro.
*REPOSTAGEM.... lembrei desse texto e resolvi postá-lo de novo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Até parece...


Vi um poeta, dos mais requintados, perder a fala ao se deparar com aquela a quem dedicava seus idolatrados poemas. E ele não é qualquer poeta. É dos melhores que se tem por aqui. Muitos o ouviam, o liam e sempre diziam das delícias de suas palavras. Falava poeticamente de tudo. Também, quem há muito não desconfiava da sua inspiração? Até parece que ninguém tinha notado que toda aquela prosa tinha dona. Que toda aquela melodia tinha uma dedicatória tão sonora... E como era belo aquele amor em prosa.... em poesia, em música!
Mas ainda me surpreendi! Como se fosse possível a alguém não agir assim.
Até parece que há quem não atropele as palavras quando a ansiedade e o suador tomam conta. Até parece que se tem idade pra essas coisas.
Até parece que esse poeta saberia o que dizer.
Até parece que alguém escapa do amor...
Até parece...