quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Até parece...


Vi um poeta, dos mais requintados, perder a fala ao se deparar com aquela a quem dedicava seus idolatrados poemas. E ele não é qualquer poeta. É dos melhores que se tem por aqui. Muitos o ouviam, o liam e sempre diziam das delícias de suas palavras. Falava poeticamente de tudo. Também, quem há muito não desconfiava da sua inspiração? Até parece que ninguém tinha notado que toda aquela prosa tinha dona. Que toda aquela melodia tinha uma dedicatória tão sonora... E como era belo aquele amor em prosa.... em poesia, em música!
Mas ainda me surpreendi! Como se fosse possível a alguém não agir assim.
Até parece que há quem não atropele as palavras quando a ansiedade e o suador tomam conta. Até parece que se tem idade pra essas coisas.
Até parece que esse poeta saberia o que dizer.
Até parece que alguém escapa do amor...
Até parece...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Vermelho batom


O mundo hoje mudou de cor. Ficou bem mais vermelho. E toda aquela calmaria da natureza, de imagens lentas ao som de música clássica, canção de passarinhos e força musical das cachoeiras com aquela vista verdinha, blá,blá,blá: Sumiu!
Não é esse momento o de agora. Não são essas cores, e nem mesmo esses sons. As pessoas não têm agora aquele sorriso bonito da TV nas propagandas da Doriana: não! Elas estão todas irritantes: desde as mães que falam demais aos pais que falam de menos. Das amigas muito engraçadinhas aos namorados que só assistem futebol, ... Qualquer atitude hoje, de qualquer um é irritante o suficiente.
E as teclas sofrem a agressividade de um cuspir com tamanha força e agressividade que se ouve da sala os barulhos do TEC-TEC do teclado. As unhas que ontem estavam bonitas, pintadas e crescendo. Hoje são roídas e "despintadas".
Então esse é o cenário: mundo vermelho! O fundo musical poderia até ser o rock do mais pesado com uma guitarra berrando e falando, se não houvesse na dona dos dedos que martelam o teclado uma dor de cabeça infernal. Bem, talvez o vermelho e a cara feia já sejam o suficientes pra ilustrar o que é o hoje nessa vida de quem usa batom.
Só posso me perguntar por que é que os hormônios fazem isso com elas.
E AI DO HOMEM QUE OUSAR RESPONDER!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Momento de falta


Ultimamente as palavras têm me faltado em variados momentos. Inclusive nos que a maioria teria muito a dizer, acredite: nesses também! Acho que esse meu diagnóstico pode ser devido à férias!(Será?) Bem, já ouvi casos em que causasse isso em alguns. Acho que a sobra de tempo, o lazer em excesso... bem, num sei. Talvez não. Talvez seja só um momento em que minha língua e o que vem antes dela na produção da fala, de greve estejam. Na verdade, meu estado não é tão caótico assim, não me emudeci por completo, se não nem aqui estaria. Ora, o que é esse momento senão uma expressão de palavras?

Aliás, vê se não é engraçado essa vida de fingir de escrever? Falo aqui sobre o que me dificulta nesses últimos tempos e, posso assim, justificar minha escassa produção. Porém, minha intenção neste texto vai além dessa justificativa. Quero também refletir sobre o silêncio, ainda que faça isso tagalerando...


Há quem diga que ele incomode, há quem o interprete como vazio. Há quem fuja deste momento. Há quem fique ansioso com sua presença. E sabe? Na maioria das vezes assim o sou. Porém, quando as palavras me somem, não tenho escapatória: tenho de encarar o silêncio! Tenho de enfrentá-lo e descobrir, então, o que há mim. Pois, quando nos silenciamos, podemos ouvir-nos por dentro. E abrir nossos sentidos, ouvindo o que é que haja para ouvir que a turbulência outrora nos ensurdecia. Podemos aprender na quietude. Conosco mesmos. Com ele. E ai é que percebemos o valor desse momento de estarmos sós com o silencio. Percebemos que o vazio pode ser recheado de significado.
De repente o meu momento de falta é valioso.
Talvez não precise mais chamar de “diagnóstico”, que remete a doença.
E porque posso encontrar ali meu Salvador.