sábado, 14 de junho de 2008

Poesia nossa



Às vezes fechamos os olhos e enxergamos além.
Às vezes cruzamos os braços e sentimos além.
Às vezes cruzamos as pernas e andamos muito.
Às vezes andamos, corremos e voamos mesmo sem asas, sem pernas e sem estrada.
Às vezes nos deslocamos desse chão e trilhamos caminhos mais altos.
Conseguimos sonhar de olhos abertos.



Mas há momentos e momentos....


Às vezes a poesia parece desabitar-nos.
Sofremos. Padecemos. E nos sentimos sós.
Mas descobri.
Descobri a poesia desses momentos.
Surpreendi-me com sua presença no real vivido. Ela ainda me habita.
E na luta, no cotidiano, na sinceridade desfruto uma poesia plena, que ainda me é parceira. Degusto o sabor da poesia de viver.
Podemos todos tocar, sentir, pegar, pisar, chorar. Viver!
Onde é que há poesia mais bela?
Onde poderia estar poesia mais sincera?
Poesia esta que nos convive, que nos habita, e que nos constrói. Poesia do ser.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

(Sem título)


Vasilha vazia
Quadro sem cor
tinta sem voz

Há tanto o que falar
E tão pouco
Sobra tanto
E falta mais.


Olho para você
E afugento-me
Olha pra mim.
Encontrei coragem,
Você retoma seu lugar
E eu, agora, fujo,
Mais que correndo,
deparei-me com as vasilhas
Os quadros me saltam os olhos
E a tinta..... sem voz.


O papel só pode estar em branco.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sobre nós


A televisão anuncia os dramas da vida real. Pela janela um cinza e uma chuva fraca e infinda. No andar de cima quietude e silêncio.

Aqui embaixo não olhamos para isto. Não enxergamos nem a nós. Estamos tão livres de nós que vivemos respirando o ar que desejamos. Respiramos um ar diferente de antes.

Já vivemos tanto juntos.... e cada encontro o ar é único. O clima é único. O clima de hoje é mais que frio, o céu tem outras cores além de cinza. Ainda não sei o nome dessas cores, ainda não sei dizer desse outro clima.

Os anúncios, o céu, o andar de cima não podem ser todo o nosso sentir. São eles e algo mais. Eles não definem nosso viver. Somos livres, ninguém poderia nos definir. Nem nós nos definimos mais. Vivemos. Voamos. Livres.

A televisão insiste em seu parecer sobre nós e sobre o mundo, o céu e a natureza ainda nos desejam uma cor, um clima, anseiam definir nossas horas e o nosso dia. O andar de cima se cala. Mas ninguém rouba a nossa leveza, a brisa que nos embala, as asas que usamos sempre. O sorriso e a paz de ter a altura do nosso mundo.