quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Aninha e Alfredo



Aninha vivia desde adolescente algo que já era acostumada. Era natural: o ódio. E isso funciona assim: quando se odeia alguém, a ira pode ficar contida, o sorriso é capaz de aparecer, o cumprimento, talvez até um abraço. Respira e conta até 1000 se preciso. Se isso não acontecer, pode se perder outros amigos, outros colegas. A sociedade e os outros não aplaudirão uma demonstração de descontentamento. Mas, na verdade, Aninha vivia outra realidade. Ela não tinha problemas com ninguém. E sabe? O ódio dela era por ela mesma! Então, quem a impediria? Ela se odiava e demonstrava isso sempre que podia em forma de auto-boicote. Ela se boicotava, se odiava e se perdia cada vez mais. Afundava-se nos seus próprios conflitos e desleixos. Quem era ela pra ver o sol amarelo ainda? O sol tinha que ficar cinza e as tardes tristes de chuva tinham que entoar o cântico do seu coração. Nada poderia ser bom e feliz. Qualquer um sabia da felicidade, menos Aninha.

Alfredo sabia, e sabia muitas coisas. Sabia que o sol poderia ser da cor que ele quisesse, ele conhecia o céu, ele gostava da calmaria das tardes de chuva. Sabia como aproveitá-las. Para ele a vida era demais, a vida tinha vida, cor e canção. Muita canção. E melodia gostosa. Amigos eram irmãos muito queridos. Que soletravam juntos o significado esperançoso do futuro. Que sonhavam juntos em viajar pelo mundo. Que sofriam, tinham conflitos mas os superavam com uma disposição gingante de cuidar da pérola da vida, do motivo da existência. Ele sabia.... sabia sobre o amor! Ele se amava e amava a vida! O amor deixava seus dias melhores, o amor o transformava em dançarino. Dançarino bem ritmado!
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Um encontro de dois mundos aconteceu.
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Despedida e desencontro se sucedeu.
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Despediu-se do cinza: agora, para Aninha, o sol pode ser colorido e gosta de imaginar as cores que ele pode ter. Há sim motivos para se rir da vida.
E desencontrou-se da sabedoria: Alfredo desaprendeu a aproveitar as tardes de chuva. Não gosta mais delas.
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Encontraram-se na vida e mudaram de rumo, mudaram de alma.
Traduziram, então, o que significava relacionar. E entenderam o caminhar de mãos dadas. O caminhar de dois mundos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Queria saber...



Imaginei um dia como seria se um caroço de feijão resolvesse ser verde, não de estragado, mas de colorido. Será que a feijoada teria outro sabor? Queria saber qual o gosto...
E se um pingo de chuva resolvesse não cair nunca mais... os outros se renderiam a tentação de fazer molhar? Queria saber quantos sacrificariam sua missão...
Como seria se não acordásssemos com os passarinhos e se a música fosse apenas uma imaginação e não mais que isso? Queria saber se sobreviveríamos....
Se um por cento de mim fosse um por cento de outro, onde será que eu estaria? Queria mesmo saber....
Como seria a vida se o vento não existisse, se as cores não existissem, se a luz não iluminasse?

Queria saber, se um dedo da vida não fosse como é, para que lado o mundo então giraria.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Culpa e redenção


A última coisa que quero é que o meu pecado tenha castigo
E que o que plantei tenha que ser por mim mesma colhido
A última coisa que quero é ver o meu final
É ter o que eu mereço
E levar o que foi pra mim prometido.

Não quero viver pra ver como será
O dia em que eu pagarei
Por tudo que um dia fiz
E por tudo que deixei de fazer....

Cabisbaixa
Não prossigo.
Não há força....

[Silêncio]

De repente percebo...
Uma luz no alto
Que ilumina
Além do que digo ser!

E reflito muda....
Mudo tudo...

O erro existiu
E existe
O iluminar me trouxe luz
E agora há consciência: não há aqui perfeição!
Agarro-me a certezas que me são forças
A certeza de prosseguir..tentando
De prosseguir com esperança
Prossigo agora, então.


Posso perceber...Meu redentor age!
Tenho bastante espaço pra Ele agir...
Não preciso fingir
Ele sabe que não há aqui perfeição!
E é por isso que há para Ele um lugar, uma função....
E muito trabalho!